segunda-feira, 29 de junho de 2009

Sá & Garabyra em Santo André por Eduardo Guimarães

“Continuar é o que devemos. É o que sabemos. É o que queremos. É o que nós prometemos. Então, vamos em frente”.

Essa frase foi publicada por Luiz Carlos Sá em seu blog no dia 05 de junho, duas semanas após a morte do parceiro Zé Rodrix. A vontade de estar no palco, pelo parceiro que partiu e por eles mesmos, é o combustível que mantém Sá e Guttemberg Guarabyra juntos, levando suas canções pela estrada.

Nesta sexta-feira, 26, a dupla esteve mais uma vez tocando em Santo André, cidade onde foi formado o primeiro fã-clube dos músicos, no início dos anos 80, e que até hoje os acolhe como se fossem da região. De coração eles devem ser. Este foi o terceiro show sem Zé Rodrix e a falta que o músico faz no palco é sentida em diversos aspectos diferentes. Obviamente para os músicos tem a perda do amigo e companheiro que não tem como ser preenchida. Para o público, além do carisma, há uma lacuna pela falta de alguns dos clássicos do trio e de uma energia que aparentemente era irradiada do cantor e tecladista.Talvez quem conheça a carreira deles concorde que o aspecto mais rock n’ roll estava nas composições e no teclado de Zé Rodrix. Basta ouvir “Mestre Jonas” ou “Jesus Numa Moto”. A falta desse lado ‘rocker’ é um dos aspectos mais nítidos agora. Sendo assim, Sá & Guarabyra apresentaram ao público alguns dos maiores sucessos lançados pela dupla principalmente nos anos 80.

Logo após a segunda música do repertório, a bela “Harmonia”, Sá comenta com o público sobre a falta de Zé Rodrix e quase não consegue terminar de falar. A emoção tomou conta do músico. Guarabyra, do outro lado do palco, também se mostrou emocionado com a lembrança.

Em seguida a dupla apresenta “O Pó da Estrada”.Algumas das canções que fizeram parte do show foram “Tabuleiro”, “Cinamomo”, “Pássaro”, e as mais populares “Roque Santeiro”, “Caçador de Mim”, “Espanhola” e “Dona”.

Após essa música a dupla e a banda saem do palco e um vídeo começa a ser exibido no telão. São imagens de diferentes épocas de Zé Rodrix, desde sua infância até shows recentes. Voltam ao palco para apresentar uma das composições mais famosas de Rodrix, “Casa no Campo”, parceria com Tavito. Bela homenagem.

O show termina com a música que certamente é a marca registrada da dupla, “Sobradinho”. A dupla se despede e sai do palco, deixando a banda terminar a canção.

No palco Sá & Guarabyra são acompanhados pelos músicos Fabio Santini (guitarra), Alex Reis (bateria), Constant (teclado) e Pedro Baldanza (baixo), que também é fundador do grupo O Som Nosso de Cada Dia. Assim como foi nos anos 80, agora são apenas Sá & Guarabyra a caminhar sobre o pó da estrada. Que a caminhada seja longa.


Fonte: http://territorio.terra.com.br/canais/canalpop/materias/materia.asp?codArea=5&materiaID=782

domingo, 28 de junho de 2009

1 mês sem Zé Rodrix - Mensagem de Júlia Rodrix

Zé Rodrix & Julia em Recife, com o jornalista, compositor e
atual Secretário de Comunicação de Cabo de Santo Agostinho(PE), Gilvandro Filho- 2005

Alan,
O que dizer? Como dizer?


Agradecer, os 26 anos que ganhei tendo o prazer e a honra de conviver com este homem, este mestre de tantas artes, este ser humano de tantos humores e de sabedoria imensa e paciência curta para pequenices, burrices, preconceitos baratos, mesquinharias? Dizer o que perdi? Tudo seria pouco e difícil.


O Zé sempre foi e será um homem controverso, tipo ame-o ou deixe-o. Agora vejo que até mesmo aqueles que o detestavam, no fundo, tinham por ele respeito. Pela sua honra, pela sua ética, pela sua dureza contra qualquer coisa que não fosse no mínimo correta e justa.


Como Maçon lutou para que a Ordem voltasse a ser modelo respeitando seus fundamentos, fez pela Maçonaria durante 10 anos o que muitos não fizeram por séculos. Ou desfizeram, tornando a Maçonaria forma de poder e disputa em vez de uma Ordem de justiça, ética e fraternidade.
Pela música, você bem sabe foi contra dogmas, cultos por pessoas em detrimento a obras, culto à mídia no lugar do talento verdadeiro.


Seus textos nas listas que participava não eram mensagens curtas mas lições, pensamentos rápidos e muitas vezes hostis e mordazes para aqueles que estavam preparados para aquilo que querem, podem e conseguem entender o verdadeiro significado da palavra, do pensamento, do conhecimento.Para aqueles que se ofendiam, ele dizia apenas para não se levarem a sério, para não darem tanta importância a si próprios e às suas vaidades pessoais.


Como Pai, fez pelos 6 filhos o que um pai pode fazer. Deu o exemplo de correção, não com palavras, mas com atos, com atitudes. Ensinou a cada um deles o valor de ter amigos, de ser fiel a seus valores, de ser fiel a seus princípios, e de que a pior coisa que se pode fazer é trair a si próprio fazendo concessões. Ensinou o valor do trabalho, da realização dos sonhos e o prazer de ler, de conhecer, da busca. Tenho dois filhos dele e mais quatro de herança que me foram dados por ele como uma bênção.


Marya, uma maravilhosa filha mais velha, que tem a voz mais linda do mundo, compositora, cantora de musicais e atriz talentosa. Uma mulher de muita fibra, que vai lançar seu primeiro disco agora para orgulho de seu pai coruja que postava todos os trechos de suas performances nas listas. Dela tenho uma neta torta de 16 anos que se chama Morgana e que é uma luz de beleza e carinho, e também de um talento extraordinário.


Joy, um anjo de meiguice e doçura, psicóloga, que está desenvolvendo um projeto de atenção integral ao paciente e pelo qual o pai estava empolgadíssimo. É a mãe da Amodini, uma bênção de 5 anos de idade, que me disse que a Natureza não foi justa porque levou o vô Zé antes dele merecer, e veio do Rio para me dar colo.


Rafael, seu filho de Natal, um homem maravilhoso em inteligência, delicadeza, carinho e um profissional exemplar, que me conforta e aconchega por ser tão parecido ao meu amor e por ter um caráter de fazer inveja a qualquer um.


Mariana, obstetra, sempre pronta a atender, a cuidar, é a fazedora, a nossa mãe nas horas das dores, dos cuidados.


Antonio, meu primeiro filho com ele, meu companheiro, meu porto seguro, que herdou a memória, a sagacidade, a inteligência e o humor ferino, mas que é a doçura em doses imensas.


E por fim (será mesmo?) a Bárbara, que alguns já conhecem, que tem seu gênio, sua musicalidade, opinião própria, seu jeito de compor completamente diferente do pai, mas também não dá mole, como ela diz, pra ninguém e não é bengala de ninguém.


Dona Lourdes, a mãe dele com 81 anos, que mora comigo e que está bem, sofrendo, mas sabe que temos que continuar a vida como ele nos ensinou.


Quanto ao meu melhor amigo, ao meu amor, ao companheiro de uma vida tenho pouco a dizer porque ainda não consigo entender, não consigo escrever sem chorar muito.


Aos amigos só tenho a agradecer o apoio, ao amor que me tem dado e peço que não esqueçam sua obra, que não esqueçam seus ensinamentos, que não deixem que a mediocridade tome conta do mundo. Não permitam que o mundo emburreça, isto sim seria um insulto à sua memória. A burrice é o pior dos pecados, porque cega, anula e mata.


A você, Alan, muito obrigada pelo cuidado, pelo carinho e pelo trabalho que certamente eu te darei porque quero o endereço novamente do Orkut, quero os textos, que certamente lerei e selecionarei para uma publicação, seja pela editora ou pelo blog, ainda não sei. Todas as decisões serão tomadas por mim e pelos meus 6 filhos.Não sei como poderemos fazer isto mas gostaria de ter estes textos, todos os que estiverem disponíveis, tanto os dele como os dos admiradores, para poder ver o que fazer, afinal não vou deixar que suas palavras voem ao sabor dos ventos.


Um beijo e, mais uma vez, obrigada.


Julia para sempre Rodrix


27/junho/2009


(mensagem de Julia Rodrix ao jornalista Alan Romero, dirigida aos fãs, amigos e admiradores de Zé Rodrix do Orkut)

1 Mes sem Zé Rodrix

1 mês sem o Zé Rodrix. 1 mês avaliando a permanência ou não do blog no ar, apesar das dificuldades e daqueles que contribuem de forma negativa para o trabalho dar certo.
O blog foi criado para que todos tenham o mesmo prazer de conhecer a obra de Sá, Rodrix & Guarabyra, e a química que ocorria quando se juntavam 3 músicos geniais , individualmente falando, apoiados por uma banda de « feras » ou sozinhos!
E de alguma forma funcionou !
Hoje, com o disco novo para sair, e a memória do Zé Rodrix precisando de um local específico, esse blog se divide em dois : O Paraíso Agora continua e nasce o Zé Rodrix, um blog tributo !
Hilda Borges